O Projeto REGGEO
Este projeto almeja analisar a realidade socioespacial urbana da cidade de Jataí (GO) e região, espacializando informações geográficas a fim de elucidar a relação entre os temas trabalhados (aqueles pertinentes ao contexto urbano, tais como: Configuração do tecido urbano; Segregação urbana; Saúde pública; Segurança pública; Expansão urbana; Conflitos sociais etc.) e o contexto urbano em questão.
Toma-se como base epistemológica os estudos em Geografia Urbana, no intuito de colaborar com o desenvolvimento urbano, bem como, produzir material científico consistente sobre esta realidade através de análises segundo a Ciência Geográfica. Uma vez que a análise dos problemas urbanos, com o objetivo de traçar novos rumos para o desenvolvimento local, é fundamental para melhoria da qualidade de vida da população, pretende-se, ao final da pesquisa, dar subsídios à tomada de decisões no que tange à gestão da cidade. Para tanto, serão disponibilizados mapas virtuais, e análises consistentes sobre as realidades urbanas mapeadas. O material ficará disponível para consulta gratuita através do site do projeto www.reggeo.jatai.ufg.br
CARACTERIZAÇÃO E JUSTIFICATIVA
Atualmente, é comum ver um cenário urbano marcado por problemas como a falta de emprego, a precariedade do transporte, do saneamento, da saúde, etc. Essa situação não é desconhecida e torna-se cada vez mais perceptível à medida que cresce a urbanização.Como corrobora Santos (1993, p.95), “com diferença de grau e intensidade, todas as cidades brasileiras exibem problemáticas parecidas”. A ocupação do solo urbano exige atualmente um sério controle através de órgãos reguladores, como as prefeituras em escala local, sendo fundamental o papel do poder público na busca de soluções para o cenário urbano.
Instrumentos que possam direcionar um processo de crescimento que atenda todas as esferas sociais são imprescindíveis na busca pelo desenvolvimento das cidades. Em um destes instrumentos, o Plano Diretor Urbano implantado em Jataí, observamos metas que, ao serem alcançadas, resultarão num espaço urbano mais justo e numa melhoria da qualidade de vida da população local, uma vez que nele se prevê
[...] garantir o equilíbrio entre o crescimento demográfico/econômico e a qualidade de vida e bem-estar da população na área urbana [...] bem como [...] assegurar as condições gerais para o desenvolvimento da produção, do comércio e dos serviços e, particularmente para a plena realização dos direitos dos cidadãos como o direito à saúde, à educação, ao saneamento básico, ao trabalho e à moradia, ao transporte coletivo, à segurança, à informação, ao lazer e à qualidade ambiental e à participação no planejamento. (JATAÍ – PlanoDiretorUrbano, 2001, p.1)
A situação de Jataí não é uma exceção às observações de Santos (1993), problemas urbanos estão presentes em sua realidade. É aqui que o Geógrafo deve atuar, de forma a auxiliar na busca de soluções para os problemas que, frequentemente, caminham ao lado do processo de expansão urbana.
Como forma de embasar as decisões públicas referentes ao planejamento urbano e ainda dar suporte a novos estudos que visem contribuir para o desenvolvimento, e não somente crescimento, da cidade, este projeto almeja analisar a realidade socioespacial urbana da cidade de Jataí (GO), espacializando informações geográficas a fim de elucidar a relação entre os temas trabalhados e o contexto urbano em questão.Pretende-se, assim,colaborar com o desenvolvimento urbano, bem como, produzir material científico consistente sobre esta realidade através de análises segundo a Ciência Geográfica.
Uma vez que a análise dos problemas urbanos, com o objetivo de traçar novos rumos para o desenvolvimento, é fundamental para melhoria da qualidade de vida da população, busca-se, ao final da pesquisa, dar subsídios à tomada de decisões no que tange à gestão da cidade, disponibilizando o material produzido para consulta pública através do site do projeto www.reggeo.org.
Considera-se que trabalhos como este são de fundamental importância para fornecer dados e informações ao poder público municipal, bem como à sociedade em geral, objetivando a promoção do debate, do questionamento e, acima de tudo, de ações que promovam “[...] um desenvolvimento urbano autêntico, sem aspas, [que] não se confunde com uma simples expansão do tecido urbano” (SOUZA, 2003, p.101).
A presente pesquisa insere-se no contexto gerado pela ocupação do Centro-Oeste, marcada fundamentalmente pela presença da agropecuária, o que influi significativamente no processo de urbanização deste espaço, tanto em termos de serviços quanto de consumo, transformando várias cidades caracteristicamente agrícolas, até os anos de 1960, “[...] em núcleos urbanos com dinâmicas relativamente autônomas de expansão da renda e do emprego” (Galindo e Santos, 1995, p.166).
É perceptível o crescimento populacional na cidade de Jataí. Em 1970 o município registra em torno de 40.000 habitantes; valor que chega a mais de 75.000, no ano 2000 (IBGE, 2009); 88.006 em 2010 com estimativa de 93.759 para 2013 (IBGE, 2014). Isso permite questionar o quadro urbano que se mostra dinâmico no período em questão.
A partir da década de 1970 começa a ocorrer mudanças na estrutura do uso da terra de Jataí, e demais municípios vizinhos, com a introdução da agricultura moderna para a produção de culturas anuais mecanizadas e de exportação, sobretudo a soja, constituindo-se numa ação de repercussão não somente no cenário rural, mas também, e de forma significativa, nas áreas urbanas.
Essa reorganização do espaço rural e urbano faz parte do processo de reprodução e expansão do capitalismo no interior do território brasileiro (Machado, 1996), imprimindo a marca de um sistema econômico que
[...] tende a se expandir territorialmente e setorialmente, movido por inovações técnicas que aumentam a produtividade do trabalho, permitindo a geração crescente de um excedente de produção que libera trabalhadores do serviço no campo ao mesmo tempo em que consegue abastecer uma população crescentemente urbanizada (SANTOS 1998, p.10).
Consequentemente, as taxas de crescimento populacional da região Sudoeste Goiana aumentaram, chegando a superar as taxas de crescimento do estado em mais de 10% na década de 1980. Um grande número de agricultores, principalmente sulistas, motivados pela diversidade das linhas de crédito disponíveis, bem como pelas taxas de juros subsidiadas (ESTEVAM, 1998), chegam à região trazendo a mecanização intensiva do solo e a expansão das monoculturas, sendo as de maior expressão as culturas de soja e milho. Nesse período e, fruto do processo de migração atrelado ao processo de ocupação, a população urbana ultrapassou a rural (Machado, 1996).
O resultado destes acontecimentos não poderia ser diferente: as localidades urbanas passam a receber contingentes de trabalhadores “liberados” pela modernização da agricultura. Tal aspecto reflete significativamente nas cidades, sobretudo em Jataí, que apresenta expressiva taxa de urbanização.
A população local representa 1,46% da população do Estado Goiás, com uma taxa de urbanização de 92,05% (IBGE, 2014). Seu crescimento anual, no período 1991-2000, apresentou uma taxa média de 2,17%, sendo 1,66% no período de 2000-2010. Verifica-se na taxa de urbanização um crescimento de 5,13% no primeiro período e de 0,84% no segundo período.
O índice de desenvolvimento humano de Jataí era de 0,627 em 2000, e 0,757 em 2010, com destaque para a educação que contribuiu com 42,9% para o crescimento em 10,75% (de 1991 a 2000) no IDH do município. Embora os índices mostrem uma pequena melhoria no intervalo tratado os valores ainda são preocupantes: o índice de pobreza em 1991 era de 31,16%, passando para 20,25% em 2000 e subindo para 26,73% em 2010; segundo tais dados 9,41% da população vivia de transferências governamentais (pensões, aposentadorias,programas de assistência etc.) em 2000, contra um índice de 6,57% em 1991. Neste período ocorre uma queda na desigualdade, sendo o índice de Gini de 0,60, em 1991, 0,59, em 2000(PNUD/IPEA/FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO, 2003) e 0,42 em 2010 (IBGE, 2014).
O presente estudo, é um dos elementos necessários para promover, auxiliar, corrigir e/ou reformular o planejamento local, influenciando, assim, diretamente a melhoria da qualidade de vida da sociedade, proporcionando uma nova urbanização, bem como uma “reurbanização” quando se tornar necessário, procurando atender as necessidades mais básicas da população.
É através da parceria entre pesquisadores e poder público que as transformações, tão aspiradas e esperadas, principalmente em relação à “nossa casa” - a cidade, serão impulsionadas a sair de um âmbito teórico e concretizar-se numa prática que atenda os interesses da maioria da população (hoje tão esquecida).
As ações unilaterais não têm a mesma força de uma luta conjunta, que envolvem ações interligadas, dos diferentes setores da sociedade. É crucial o aproveitamento do potencial existente nas diversas esferas da sociedade para que, através de um debate firme e coerente, o desenvolvimento urbano flua da melhor forma possível. Convém pensar, refletir e tentar compreender o fenômeno urbano, com vistas a buscar as soluções que não temos (CARLOS, 1994).
5.1 – O contexto dos mapeamentos virtuais
O surgimento dos Sistemas de Informações Geográficas (SIGs), na década de 1960 (PONCE-MEDELLÍN, 2014), como ferramenta computacional possibilitou a manipulação de informações espaciais de forma mais rápida e confiável, auxiliando o processo de planejamento e tomada de decisões. Com o advento da internet os mapas virtuais surgem como uma nova possibilidade de utilização das ferramentas dos SIGs num ambiente mais amplo e acessível. O mundo representado por pontos, linhas e polígonos passa a ser acessível a todos conectados à rede mundial de computadores.
Neste contexto, a popularização e o avanço da internet, e o surgimento de tecnologias e linguagens utilizadas no desenvolvimento de aplicativos tipo Web 2.0, faz com que a cartografia encontrada no ciberespaço sofra grandes transformações (CANTO, 2010). A informação geográfica passa a subsidiar, também, o processo de tomada de decisões de indivíduos, não se restringindo ao público inicial, geralmente formado por governos e empresas com seus SIGs específicos.
The continuous and dynamic changes on the technology adoption by the society have turned the different technological uses of geographic information and applications a crucial component for the decision-taking, inclusive on particular issues[...] (PONCE-MEDELLÍN, 2014, p.24)
Atualmente os mapas estão cada vez mais acessíveis e personalizados devido às ferramentas disponibilizadas na internet. Existem diversas aplicações baseadas no Google Maps1, como as apresentadas por Deodoro (2014) e Canto (2010), permitindo que por meio dos mapas todo o planeta possa ser transportado a um único ponto do globo e percorrido pelas mãos humanas (CANTO, 2010).
Este cenário se apresenta como um vasto campo de estudos para a Geografia Urbana, permitindo uma leitura espacial da cidade pelos construtores e usuários dos mapas uma vez que “the same information can be accessed by the users for different purposes and under different contexts [...]” (PONCE-MEDELLÍN, 2014, p.20).
O número de usuários de aplicações baseadas no Google Maps vem crescendo rapidamente, o que se deve, dentre outros motivos, ao grande número de informações disponibilizadas pelo sistema; à sua constante atualização e à interface amigável que desperta o interesse de novos usuários (SUDARMA, PIARSA e BUANAP, 2014).
O uso do Google Maps para se trabalhar com sistemas de informações geográficas possibilita vários benefícios, incluindo:
1. Simplify storage system map.
2. Can be accessed anywhere with an internet connection.
3. No need to create a new map.
4. Change of map data faster.
5. The system is going to be lighter. (SUDARMA, PIARSA e BUANAP, 2014, p.479)
Diante do exposto, o contexto atual dos mapeamentos virtuais exige da academia sua inserção com conteúdos sistematizados e análises comprometidas com a ciência geográfica. Afinal, concordando com Monteiro (1995, p. 27), “o encanto maior da ‘Geografia’ reside na complicada trama das interações Homem com a Terra”. É imprescindível que a Geografia Urbana colabore na compreensão desta trama, cada dia mais densa, cada dia mais relacionando virtualidade com realidade. “O mundo virtual não está tão dissociado do mundo tangível [...]”(CANTO, 2010, p.99).
1Google Maps is an application made by Google group. Google Maps associated with digital maps. Digital maps displayed by Google Map are various such as map and satellite. (SUDARMA, PIARSA e BUANAP, 2014, p.479)
REFERÊNCIAS
CANTO, Tânia Seneme do. A CARTOGRAFIA NA ERA DA CIBERCULTURA: MAPEANDO OUTRAS GEOGRAFIAS NO CIBERESPAÇO. 2010. 120 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Geografia, Universidade Estadual Paulista, Rio Claro (SP), 2010.
CARLOS, Ana Fani Alessandri. A (re)produção do espaço urbano. São Paulo: Edusp, 1994. 270 p.
DEODORO, Juliana. Sete mapas virtuais que valem o clique. Estadão. São Paulo, p. 1-1. 3 jun. 2012. Disponível em: <http://sao-paulo.estadao.com.br/noticias/geral,sete-mapas-virtuais-que-valem-o-clique-imp-,881678>. Acesso em: 14 ago. 2014.
ESTEVAM, L. O Tempo da transformação: e dinâmica da formação econômica de Goiás. Goiânia: Ed. do Autor, 1998. 238.
GALINDO, O.; SANTOS, V. M. Centro-Oeste: Evolução Recente da Economia Regional. In: AFFONSO, R. B. & SILVA, P. L. B. (Orgs.). Desigualdades regionais e desenvolvimento. São Paulo: FUNDAP/UNESP, 1995. p. 157-194.
IBGE. Censo Demográfico de 2000. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br> Acesso em: 09 jun. 2009.
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JATAÍ-GO. Secretaria de Obras e Urbanismo. Divisão de Planejamento Urbano. Plano Diretor Urbano. 2001.
MACHADO, V. F. Sudoeste de Goiás: desigual.1996, 143 p. Dissertação (Mestrado em história) - Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 1996.
MONTEIRO, Carlos Augusto de Figueiredo. O físico da Geografia: mensageiros e portadores. Fortaleza-CE: Multigraf, 1995.
OPEN SOURCE MATTERS. WHAT IS JOOMLA?New York, NY, 2014. Disponível em: <http://www.joomla.org/about-joomla.html> Acesso em: 28 maio 2014.
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PNUD/IPEA/FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO. Atlas do desenvolvimento humano no Brasil. Versão 1.0.0: ESM Consultoria, 2003.
PONCE-MEDELLÍN, Rafael et al. Technology Integration around the Geographic Information: A State of the Art. Ijcsi International Journal Of Computer Science Issues, Doolar Lane, Mahebourg, Republic Of Mauritius, v. 5, 2009, p.17-26. Disponível em: <http://www.ijcsi.org/index.php>. Acesso em: 14 ago. 2014.
SANTOS, Milton. A Urbanização Brasileira. São Paulo: Editora Hucitec, 1993.
SOUZA, Marcelo Lopes de. ABC do desenvolvimento urbano. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2003. 190p.
SUDARMA, Agus; PIARSA, Nyoman; BUANA, Wira. Design and Implementation of Geographic Information System on Tourism Guide Using Web-Based Google Maps. Ijcsi International Journal Of Computer Science Issues, Doolar Lane, Mahebourg, Republic Of Mauritius, v. 10, n. 1, p.478-483, jan. 2013. Disponível em: <http://www.ijcsi.org/index.php>. Acesso em: 14 ago. 2014.
Fonte: Projeto REGGEO
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